Quando o filme chega até a última etapa de finalização é que se começa a verdadeira saga dele dentro do mercado, durante o processo de distribuição. Fabiano Gullane, sócio da Gullane Entretenimento, Silvia Cruz, fundadora da Vitrine Filmes, Sara Silveira, diretora da Dezenove Som e Imagens, e Rubens Rewald, cineasta e roteirista, trouxeram o tema à discussão no segundo dia do Encontro Spcine e falaram, entre outras coisas, sobre o crescimento de plataformas digitais de conteúdo e dos desafios da produção de menor porte no Brasil.
Sara Silveira, produtora de títulos como Bicho de 7 Cabeças e Mãe Só Há Uma, auto-define sua empresa como uma EPP (empresa de pequeno porte), que há 25 anos aposta em filmes de diretores estreantes. “O primeiro filme tem um lugar muito gostoso na cinematografia. E o caminho internacional serve muito como plataforma de projeção das nossas obras”, afirma Silveira, que admite gostar da experiência fora do Brasil para buscar outros fundos de investimento.
Para a distribuidora Silvia Cruz, trabalhar com este filão de mercado não é problema. “O mundo dos filmes de P e M, para minha empresa, só melhorou. Não apenas no cinema, mas na exploração de outras janelas. O cinema representa 10% na receita, o restante vem da presença nos festivais, venda pra TV e outras plataformas como iTunes. É bom lembrar que antes só havia um único espaço para a produção nacional além do cinema, o Canal Brasil”.
Fabiano Gullane é categórico: “Pensar só no cinema já está fora da moda. Precisamos enxergar nossos filmes em uma cadeia de exploração maior”. Para o produtor, o conceito de sucesso precisa ser muito estudado. “São poucas as empresas de distribuição que estão preparadas para gerir um filme de pequeno e médio porte. Temos que entender qual filme que temos na mão e, assim, criar estratégias para ele”.
Uma das possibilidades de comercialização do filme pequeno, de acordo com o cineasta Rubens Rewald, é a auto-distribuição. “Há exemplos de produções que tiveram uma distribuição própria, como no caso do Tropa de Elite. Mas há entraves burocráticos que estão presos a paradigmas antigos, como o produtor não ganhar participação na comissão de distribuição”, lembra.
Rewald defende que, para um filme pequeno, não dá para pensar mais em orçamentos muito caros. “O realizador tem sempre que pensar em filmar mais e mais barato. Pensar em outras estratégias que barateiem e otimizem a filmagem é fundamental para conseguirmos rodar cada vez mais”, conclui.