A Comic Con começou sua terceira edição brasileira na quinta-feira (1/12) provando que, mesmo programada para apenas quatro dias, é capaz de movimentar a economia de São Paulo e impactar o turismo na cidade.
“Estamos com o sonho de fazer em 2016 a maior Comic Con do mundo. E o melhor: com o DNA brasileiro”, projeta Pierre Mantovani, CEO do evento, comparando a versão brasileira com as edições de San Diego e Nova York, consideradas as mais representativas. A previsão de público é de 180 mil pessoas, duas vezes maior que em 2014, quando a CCXP chegava ao Brasil pela primeira vez.
Com o engajamento crescendo gradualmente, os organizadores perceberam que não estavam mais promovendo um encontro entre geeks, nerds e fãs de séries de TV em um pavilhão de exposições, mas sim alterando o cenário turístico da cidade.
De acordo com Mantovani, após um levantamento do Observatório do Turismo, da Spturis, das 97 mil pessoas que participaram da Comic Con em 2014, 60% eram de fora da Grande São Paulo. No ano seguinte, das 142 mil, metade se deslocava de outras regiões do país para a capital paulista. Resultado: só com a CCXP 2015, foram movimentados cerca de R$ 140 milhões na cidade. “Não falo do ticket, mas sim do turista que veio pra cá, comeu, pegou táxi, andou de metrô, visitou outra coisa além do evento”, explica o CEO.
Os números foram tão impactantes que o grupo que administra o evento, formado pelo Omelete, Chiaroscuro Studios e PiziiToys, decidiu criar uma operadora de turismo: a CCXP Quest. Em 2015, a empresa fechou acordo com oito hotéis. Neste ano, junto com a rede Atlântica Hotels, a quantidade subiu para 14. Para delírio dos fãs, a negociação incluiu no pacote a customização dos ambientes (imagens abaixo). “Fizemos como se fosse a Disney. O turista vai para o hotel e se depara com o espaço customizado com a arte da Comic Con, tem um [produto] colecionável na recepção, há um pôster oficial quando ele entra no quarto, enfim”, detalha Mantovani.
Quanto à adesão, não há do que reclamar. “90% dos nossos hotéis estão com 100% de ocupação para este fim de semana”, revela Elian Zanelato, gerente de vendas da Atlântica. “É um público fiel”, complementa.
A estrutura do receptivo é proporcional ao sucesso da Comic Con. Há sete linhas de ônibus fazendo o trajeto entre alguns hotéis da companhia e a São Paulo Expo, sede do evento, e mais de 20 ônibus levando o público até o espaço gratuitamente a partir da estação Jabaquara do metrô.
O mercado de hospedagens mais baratas, como os albergues e hostels, acabaram também se beneficiando da mobilização provocada pela CCXP. José Roberto Rodrigues, gerente do Uvaia Hostel, afirma que se prepara durante o ano para receber o público do evento. “A expectativa é grande. Estamos lotados”, crava, mas ressalva que, em 2016, o faturamento não atingiu a meta. “60% da ocupação não são das pessoas da Comic Con, nossa ideia era chegar aos 50%”.
Mesmo com a queda, Rodrigues lembra que, em 2015, a ocupação foi 100% feita pelos frequentadores da feira geek. Os hóspedes deste ano são de cidades como Curitiba, Rio de Janeiro, Goiânia, Belo Horizonte e Vitória.
Comic Con no Nordeste
Em 2017, a Comic Con deve agitar também o mercado turístico de Recife. A capital pernambucana vai sediar o evento entre 13 e 16 de abril, e a CCXP Quest já está a postos. “Terminando a edição em São Paulo, a empresa já vai começar a trabalhar na montagem e venda dos hotéis e dos pacotes turísticos, que é uma coisa que não fizemos ainda na capital paulista. Aqui, a gente só vendeu hotel”, conclui Mantovani.