Sala lotada, comunidade em peso, dezenas de autoridades e personalidades do universo cultural presentes. Foi assim, com todos os lugares do auditório do CEU Butantã ocupados (foto), que o Circuito Spcine deu o pontapé inicial rumo ao desafio de levar a experiência do cinema para todas as regiões de São Paulo.
“Gosto de lembrar do início, quando o Circuito era um projeto em construção, e comparar com o que ele representa hoje social e culturalmente. É uma política pública efetiva de acesso à cultura cinematográfica”, define Mauricio Andrade Ramos, diretor-presidente da Spcine. “O ponto alto é que ela equaliza as diferenças ao levar a mesma qualidade de uma sala de shopping center para bairros afastados do centro e equipamentos culturais da Prefeitura”, completa.
Um ano e muitas histórias depois, a rede de salas comemora o primeiro aniversário com números que atestam sua relevância dentro do mercado exibidor e, sobretudo, nos bairros onde está presente. O Circuito está em 17 das 32 prefeituras regionais de São Paulo e suas 20 salas estão distribuídas em CEUs (15 salas), no Centro Cultural São Paulo (2), na Biblioteca Roberto Santos (1), Cine Olido (1) e Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes (1).
O complexo somou 380 mil espectadores em mais de 7,8 mil sessões, da sua inauguração oficial até 26 de março, último dia da cine-semana antes da efeméride. Entre 9 de 15 de março, o Circuito também registrou a semana recorde de público – 20 mil pessoas –, puxado por filmes como “Moana”, “Minha Mãe é uma Peça 2” e “Os Saltimbancos Trapalhões Rumo à Hollywood”.
A programação infantil continua sendo o carro-chefe, ocupando as quatro primeiras colocações no ranking dos filmes mais vistos. “Carrossel 2” está em primeiro lugar, com 24,5 mil espectadores, seguido por “Procurando Dory” (19,4 mil), “Pets – A Vida Secreta dos Bichos” (18,8 mil) e “Moana – Uma Aventura em Alto Mar” (15,7 mil). A comédia “Minha Mãe é uma Peça 2” completa a lista, com 13 mil.
O coordenador de programação do Circuito, Rafael Carvalho, destaca a diversidade do processo curatorial e faz um balanço da área. “A programação conseguiu atender neste primeiro ano a demanda das comunidades onde as salas foram instaladas não apenas exibindo o que fica restrito ao shopping center, mas oferecendo também outro tipo de repertório audiovisual. A ideia é fortalecer esta variedade com programas e janelas específicos”.
Prova disso é o repertório de produções que passou pelo Circuito ao longo deste um ano. “Tivemos de tudo. Blockbusters, filmes autorais, de gênero – como terror, animação, musical, drama, comédia -, documentários, títulos de festivais como É Tudo Verdade, Mostra Internacional de Cinema, In-Edit, Latino-Americano, só para ficar em alguns exemplos”, enumera Carvalho.
A parceria com realizadores fez as salas de rede irem além da exibição. Desde o ano passado, o projeto Encontro com Cineastas, em parceria com a Revista de Cinema, e as sessões seguidas de debate vêm colocando diretores e produtores frente à frente com o público para falar sobre suas obras. Daniel Ribeiro, Renato Cândido, Luiz Bolognesi e Pedro Morelli foram alguns dos nomes que participaram das atividades.
Atualmente, a Spcine e a Revista de Cinema realizam uma série de encontros com profissionais do audiovisual negro no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. Mais informações aqui.
Pesquisa de público
De acordo com estudo do Observatório de Turismo e Eventos, da Spturis, o Circuito Spcine é avaliado positivamente por 95,3% dos entrevistados. No critério qualidade de projeção na tela, o nível de aprovação entre ótimo e bom é de 98,1%. No item estrutura da sala, 97%. Já a programação soma 85%. A pesquisa foi realizada entre 7 a 18 de dezembro de 2016 e entrevistou 1.103 pessoas, entre frequentadores e moradores dos arredores do Circuito Spcine. Confira matéria sobre o levantamento.
História
Inaugurado oficialmente em 30 de março de 2016, o Circuito Spcine é a maior rede de salas públicas de cinema do Brasil e uma das mais importantes da América Latina. Tem a missão de democratizar o acesso ao entretenimento audiovisual, espalhando a experiência cinematográfica para todas as regiões de São Paulo, do centro à periferia. Todas as 20 salas possuem projetores digitais e programação regular que abarca filmes dos mais diversos gêneros, formatos e portes.
A ideia de criar o Circuito surgiu de um quadro de exclusão socioeconômica. De acordo com pesquisa da empresa J. Leiva, 10% da população paulistana nunca foi ao cinema e, nas classes D e E, o porcentual é de 30%.
Nos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, a entrada é gratuita. Já nos centros culturais, o preço do bilhete varia de R$ 2 a R$ 4.