Mais de 70 bolsas mensais de R$ 1.012 cada, 74 participantes – a maior parte residente em bairros periféricos de São Paulo –, mais de 30 empresas envolvidas, 14 meses de trabalho e 27 jovens contratados por produtoras como Coração da Selva e Estilingue Filmes.
Termina com saldo positivo a primeira edição do Sampa Cine Tec, programa pioneiro de formação audiovisual da Prefeitura de São Paulo conduzido pela Spcine, Adesampa, Fundação Paulistana e Secretaria Municipal do Trabalho e Empreendedorismo.
“A Spcine é uma empresa jovem, de três anos de idade, e esse foi o primeiro projeto de formação com o qual ela se envolveu e que atende uma área do mercado que consideramos fundamental [o da formação técnica]”, conta Mauricio Andrade Ramos, diretor-presidente da empresa paulistana.
Aline Cardoso, secretária municipal do Trabalho e Empreendedorismo, afirma ter sido um prazer investir no programa. “Poder aportar uma bolsa para que jovens da periferia se preparem para este mundo novo é o melhor uso que a gente pode fazer com o dinheiro público”.
Ambos estiveram presentes na formatura que celebrou o fim deste ciclo. O evento aconteceu em 29 de novembro, na Câmara Municipal de São Paulo, e contou com boa parte dos jovens do programa, além de autoridades como Thais Leal Piffer, diretora técnica da Adesampa; Sergio Luiz de Moraes Pinto, diretor-geral da Fundação Paulistana; e Eliseu Gabriel, vereador e ex-secretário municipal do Trabalho.
Na ocasião, Salete Valesan, diretora da Flacso Brasil, instituto que coordenou o dia a dia do programa, direcionou seu recado para os jovens: “Eles não estão escrevendo uma história só para eles, mas sim uma história possível de ser replicada e trabalhada com outros meninos e meninas, sejam em São Paulo ou em outros lugares”.
“É importantíssimo que políticas públicas como essa sejam implementadas no governo. Não para que jovens de periferia sejam vistos como mão de obra barata, mas sim como empreendedores e multiplicadores de conhecimento”, afirma Claudia Queijo, uma das bolsistas do programa. Ressalta ainda que nunca teria tido acesso às produtoras por onde os jovens passaram: “Eu nunca conseguiria chegar lá junto com o aluno que fez Belas Artes, Anhembi Morumbi, Mackenzie, USP, se não fosse o Sampa Cine Tec”.
Tais de Souza, hoje contratada da Casablanca Efeitos, participou do programa e conseguiu levar o curta “O 12”, que fez ao longo do processo, para dois festivais internacionais: em Cartagena, na Colômbia, e em Toulouse, na França. “Trabalho com cinema há cinco anos e me formei no Instituto Criar. Sempre procurava me aperfeiçoar, mas não tinha caminhos abertos até então. E quando passei a participar do programa, muitas portas se abriram”. O filme, no qual assina a edição e a direção, conta a história de um garoto de 12 anos que é famoso nas redes sociais e se envolve com o tráfico de drogas.
O Sampa Cine Tec deu seu primeiro passo em outubro de 2016 e contou com aproximadamente 2 mil inscrições. Para a seleção, uma comissão avaliadora, composta por representantes das entidades envolvidas no projeto, analisou a experiência dos candidatos na área, região em que reside e a motivação para participar do projeto. O programa incluiu capacitações teórica e prática. E, no fim do processo, os bolsistas tiveram que produzir uma obra audiovisual.
Para o próximo ano, as expectativas são boas. “Junto com a Spcine e o Criar, estamos estudando novos caminhos do que vem pela frente”, conclui Cardoso.