O segundo dia do Encontro Spcine começou com uma mesa na qual o ponto central eram as estratégias de distribuição e a ativação de conteúdos audiovisuais. Participaram dela o CEO do grupo Omelete e da Comic Con Experience, Pierre Mantovani, Igor Kupstas, diretor da O2 Play, Camila Pacheco, diretora de marketing da Fox, e Marcela Fecuri, diretora de marketing da Universal Pictures.
O plano de marketing pode ser custoso para qualquer empresa, ainda mais quando o produto é audiovisual e carrega a responsabilidade de gerar receita. Para Camila Pacheco, é possível ter uma grande ideia sem gastar muito. “A discussão, na verdade, tem a ver com a relevância da mensagem. Como transformar o assunto em algo que repercuta e gere interesse. Independente se o filme é comercial ou independente, o que importa é a aplicação do conceito criativo e de comunicação”, enfatiza.
A Fox foi a empresa responsável pela Snoopy Parade que, em parceria com a Spcine, espalhou 10 bonecos de resina do personagem em diversos pontos da cidade.
Igor Kupstas compartilhou os resultados do documentário “Paratodos”, sobre atletas para-olimpícos. Com um orçamento de comunicação calculado, a estratégia de comunicação foi pensada proporcionalmente às possibilidades comerciais do filme. “Como está cada vez mais difícil lançar filme no cinema – afinal, dos filmes brasileiros lançados no mercado, 50% chegam a fazer 5 mil espectadores – decidimos determinar o nosso público e pensar cuidadosamente na forma de distribuição”. A primeira ação foi exibi-lo em duas mil escolas.
O doc depois promoveu um evento de pré-estreia pago em 14 salas e contou com a presença de atletas e de celebridades do esporte nas sessões. “Estimulamos posts de personalidades como Neymar, Romário e Luciano Hulk, além de mídia espontânea qualificada”. Resultado: o trailer somou 1,6 milhão de views. Mas quando chegou às telonas, alcançou um público de 3,5 mil espectadores. Ou seja, 0,21% daqueles que assistiram ao teaser. Mas para Kupstas, não é um número que ele costuma guardar. “O que fica mesmo é que, depois de semanas de trabalho, conseguimos negociar o filme para o Netflix e, hoje, ele está presente em dezenas de países”.
Há três anos com uma equipe brasileira dedicada a desenvolver estratégias de marketing, a Universal Pictures vem demonstrando ao mercado que o online é uma arma de comunicação potente e barata. “Precisamos entender o produto que a gente tem. E com o online, conseguimos fazer mais com menos dinheiro, além de até mesmo otimizar a campanha offline”, afirma Marcela Fecuri, diretora de marketing da Universal.
A empresa investiu em comunicação digital em dois filmes: Drácula, que foi a maior bilheteria da Universal em 2014, e A Bruxa, que duplicou o número de salas no segundo final de semana em cartaz.
Para Pierre Mantovani, CEO do grupo Omelete e da Comic Con Experience, não há mais diferença entre os mundos digital e real. “A forma como as pessoas se comunicam mudou completamente. Não existe mais uma desconexão das duas mídias [off e online]”.
Quanto aos desafios de distribuir um filme independente, os convidados alertam: “É cada vez mais difícil chamar atenção. Mas se você trabalha em um produto que não tem dinheiro, é preciso levantar quais são os seus pontos de venda, se o filme tem alguma peculiaridade. E, depois, participar dos festivais, compartilhar informações da produção em sessões de cinema, enfim”, sugere Kupstas.
Para Fecuri, é importante saber quem é o porta-voz do target. “Todo filme tem um público. O trabalho é descobrir quem é ele e caçá-lo”, conclui.
O Encontro Spcine termina nesta sexta-feira (18/11). Confira a programação.